Aruanda 2017 começa hoje


Oito longas-metragens concorrem na mostra competitiva do 12º Fest Aruanda, mostra que começa hoje em João Pessoa, na Paraíba.
Pelo cardápio, teremos um bom festival, com dois documentários e seis ficções disputando os troféus Aruanda.
Convém lembrar: tanto o festival como o prêmio que distribui tomam de empréstimo o título do filme clássico de Linduarte Noronha, tido como um dos precursores do Cinema Novo. Aruanda, que, na virada dos anos 50 para os 60, documenta a vida dos moradores do quilombo da Serra do Talhado, na Paraíba, fez história e virou festival.
Com esse background, o Aruanda tornou-se um festival de bom nível. Criado e dirigido por Lúcio Vilar, professor da Universidade Federal da Paraíba, busca a diversidade dos filmes, a qualidade dos participantes e o bom debate na área cinematográfica.
Não fica apenas nas mostras competitivas. Para a edição deste ano, programou uma verdadeira maratona de 45 filmes em suas diversas mostras. Alguns passam fora de concurso, como Clara Estrela, de Susanna Lira e Rodrigo Alzuguir, sobre a cantora Clara Nunes, que será exibido na noite de abertura.
Outros fazem parte das mostras informativas, como Saudades, de Paulo Caldas, 10 Centavos para o Número da Besta, de Guillermo Planel, O que Seria Deste Mundo sem Paixão, de Luiz Carlos Lacerda, e Lamparina da Aurora, de Frederico Machado. Fecham o programa 12 curtas-metragens, que também concorrem aos troféus.
No capítulo homenagens, o Aruanda estará bem servido. O cineasta moçambicano brasileiro Ruy Guerra recebe troféu especial. E estará em João Pessoa para autografar sua biografia, Ruy Guerra – Paixão Escancarada, escrita pela historiadora Vavy Pacheco Borges.
Recebem também homenagens a cantora Elba Ramalho, os atores Paulo César Pereio e Servílio Holanda e os cineastas Paulo Caldas e Ivan Lhebarov.
Em meio a toda essa série de atividades atraentes e presenças marcantes, a mostra competitiva continua a ser o centro de gravidade deste festival, como de qualquer outro.
Nesta, dois documentários traçam perfis de figuras marcantes da cultura brasileira – o poeta e letrista piauiense Torquato Neto (1944-1972) e o jornalista e escritor fluminense Antonio Callado (1917-1997). São dois filmes interessantes, ágeis e à altura dos personagens retratados, ambos de vida complexa e multifacetada. São de autoria de Emilia Silveira (Callado) e Eduardo Ades & Marcus Fernando (Torquato).
Muita variedade há entre os de ficção: desde o terror paraibano Nó do Diabo (vários diretores) até o intimista Pela Janela, de Carolina Leone.
Com Abaixo a Gravidade, o baiano Edgard Navarro surpreende mais uma vez, ele que nunca fez cinema convencional e agora se reinventa na maturidade.
Em Antes do Fim, o também inovador Cristiano Burlan investe no tema da terceira idade, tendo Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet como protagonistas.
Em Legalize Já!, Johnny Araújo & Gustavo Bonafé tratam, em termos ficcionais, da formação da banda Planet Hemp.
Açúcar, de Renata Pinheiro & Sérgio Oliveira evoca o passado escravocrata do país pela história da herdeira (Maeve Jinkins) que retorna ao engenho de propriedade da família.
Aliás, a raiz escravocrata, matriz da desigualdade social à brasileira, fornece mais que um pano de fundo de outro dos competidores, Nó do Diabo – está em sua estrutura mesma. O tema está na ordem do dia.
Mostra competitiva longas
Torquato Neto – Todas as Horas do Fim (RJ)
Callado (RJ)
Abaixo a Gravidade (BA)
Antes do Fim (SP)
Legalize Já! (SP)
Nó do Diabo (PB)
Pela Janela (SP)
Açúcar (PE)

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.