João Pessoa/PB
Com os prêmios de melhor filme e direção (Cristiano Burlan), o longa-metragem Antes do Fim foi o grande vencedor do 12º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro. Drama lúdico e lúcido da terceira idade, fala do relacionamento de um casal interpretado por Jean-Claude Bernardet e Helena Ignez. Ao completar 80 anos, o homem decide que é hora de morrer e espera a cumplicidade da mulher para sua escolha.
O documentário Legalize Já, de Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, história ficcionalizada do compositor Marcelo D2, recebeu votação expressiva: figurino, fotografia, roteiro, ator (Renato Góes) e prêmio do Júri Popular. Baseia-se na amizade entre Marcelo e Skank, que, vindos das classes populares, tentam encontrar espaço no competitivo mercado musical brasileiro.
Torquato Neto – Todas as Horas do Fim, de Eduardo Ades & Marcus Fernando, levou os troféus de edição, trilha sonora e Prêmio Especial do Júri para documentários. É um belo filme, que recria um modo de sentir e pensar próprio dos anos 1960 e 1970 através da vida breve (28 anos) do poeta e compositor piauiense Torquato Neto.
O belo drama Pela Janela, de Caroline Leone, foi bem premiado desta vez, depois de ter sido ignorado em Gramado. Melhor atriz para a excepcional Magali Biff, e melhor ator coadjuvante para Cacá Amaral, além do troféu de som. Fala da recomposição existencial de uma mulher de meia idade que perde o emprego e seu sentido para a vida. Um filme tão delicado como incisivo.
O inventivo Abaixo a Gravidade, de Edgard Navarro, venceu os prêmios de direção de arte e da crítica, além do Prêmio Especial do Júri (in memoriam) para o ator Ramon Vane, que interpreta um inesquecível morador de rua de Salvador. Navarro, que está em seu terceiro longa, é um dos criadores mais originais do cinema brasileiro. É autor de filmes como Super-Outro, Eu me Lembro e O Homem que não Dormia. Sua obra merece atenção.
O longa paraibano de terror em episódios Nó do Diabo recebeu os prêmios de melhor atriz coadjuvante (Isabel Zua) e um Prêmio Especial do Júri por “iniciativa dramatúrgica”.
O melhor curta para o júri oficial foi Inocentes; para o público, Deus; e, para a crítica, Atrito.
O festival terminou com uma cerimônia simples no próprio palco do cinema. Antes, houve a entrega do troféu especial Aruanda ao grande homenageado do ano, o cineasta Ruy Guerra. Após a homenagem, houve a projeção do mais recente filme de Ruy Guerra, o ainda inédito no circuito comercial Quase Memória, baseado em livro de Carlos Heitor Cony.