Em Sem Data, Sem Assinatura, do iraniano Vahid Javiland, temos uma típica situação proposta com frequência pelo cinema daquele país: a reflexão ética. Em particular sobre a questão da responsabilidade. Talvez até mesmo isso, assumir responsabilidades, nos pareça estranho em meio à crise moral em que vivemos e na qual a primeira palavra de ordem é sempre fugir e dizer que não tem nada com isso, seja lá o que for.
Pois bem, neste filme simples e muito bem construído, a responsabilidade está no centro de tudo. O que temos? Um acidente de carro no qual uma criança sai ferida. No volante, temos um médico. Do outro lado, uma família humilde, com todas as suas carências. O médico se oferece para atender a criança numa clínica, mas o pai recusa. No dia seguinte, a criança aparece morta e o médico consulta os autos da autópsia. A criança estava doente, havia ingerido comida estragada, mas será que o acidente foi a verdadeira causa mortis? Será que o médico deveria ter feito algo que não fez?
Como em outros filmes do tipo, a força vem do roteiro impecável e interpretações precisas. É para fazer pensar.