Luiz Fernando Zanin Oricchio
O longa-metragem Alice dos Anjos, de Daniel Leite Almeida, dá início hoje à 54ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O mais antigo festival de cinema do Brasil, em sua 54ª edição, manterá o esquema do ano passado. Não-presencial, com transmissão pelo Canal Brasil e acesso aos filmes pela plataforma https://play.innsaei.tv/. O Canal Brasil fará a primeira exibição dos longas-metragens, sempre no horário boêmio das 23h30. Em seguida, à 1h30, eles serão disponibilizados na plataforma e poderão ser vistos até às 23h29 do mesmo dia.
Além do primeiro competidor, a noite de abertura contará ainda com dois longas-metragens fora de concurso. Dois documentários. O primeiro, com o curioso título de Já que Ninguém me Tira Pra Dançar, é uma homenagem de Ana Maria Magalhães à sua amiga, a atriz Leila Diniz, morta aos 27 anos em um desastre aéreo. Leila foi um ser de luz, libertária em época de ditadura e atriz inesquecível de Todas as Mulheres do Mundo, clássico da comédia de costumes dirigida por Domingos Oliveira. Vale sempre relembrá-la.
O segundo documentário da abertura é Catadores de História, último filme da diretora Tânia Quaresma. Realizado cinco anos atrás, retrata os catadores de produtos recicláveis e a importância do seu trabalho para a preservação do meio ambiente numa sociedade consumista e autodestrutiva. Tânia era originária de Minas Gerais e escolheu Brasília para morar. Faleceu em julho deste ano.
Ao todo, foram selecionados 28 títulos, entre a Mostra Nacional e a Mostra Brasília. A mostra competitiva principal, composta de seis longas-metragens, oferece ao público quatro ficções e dois documentários. Na coletiva de anúncio dos concorrentes, o curador do festival, o documentarista Silvio Tendler, garantiu que “Buscou-se ao máximo o ineditismo”. Tendler assina a curadoria ao lado da professora Tânia Montoro.
Não se pode de antemão comentar a qualidade dos filmes. Mas é louvável que, mesmo em tempo de crise, o principal festival de cinema do País priorize o ineditismo dos seus concorrentes.
A abertura do festival será às 20h e poderá ser acompanhada pelo site. A apresentação da cerimônia fica a cargo da atriz Maria Paula Fidalgo, diretamente do Cine Brasília – palco tradicional do festival, só que desta vez sem seu público, famoso pela participação ativa, consagrando ou vaiando com igual intensidade. Esse calor humano, infelizmente o festival não terá.
Depois das apresentações e homenagens, inclusive à atriz Léa Garcia, em seus 88 anos, o festival começa às 22h30, com a exibição de dois curtas-metragens, Ocupagem, de Joel Pizzini, e Terra Nova, de Diego Bauer. Em seguida, às 23h30, é a vez do primeiro longa-metragem, Alice dos Anjos, que se apresenta como um mix de Lewis Carroll com a pedagogia da libertação, de Paulo Freire.
Como em todos os anos, de maneira presencial ou não, haverá debates de todos os concorrentes. Os encontros com realizadores e equipes acontecem às 10h da manhã do dia seguinte à exibição e também poderão ser acompanhados pelo site.
O festival vai até dia 14, quando serão anunciados os vencedores e apresentado o filme de encerramento, Abdzé Wede Õ – Vírus Não Tem Cura? (MT), de Divino Xavante. Mostra o impacto da pandemia sobre a nação xavante, uma das mais afetadas pelo Coronavírus. A narração em primeira pessoa é do próprio diretor.
Como acontece em nossos tempos de mostras online, pela TV ou híbridas, a programação parece um tanto confusa à primeira vista. A melhor maneira para situar-se no cipoal de informações é acessar o site do festival https://festcinebrasilia.com.br/programacao/. Nele, são indicados os filmes disponíveis e horários para assisti-los. O blog realiza a cobertura do dia-a-dia do festival.
Abaixo, os selecionados:
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL – LONGAS
(por ordem de exibição)
ALICE DOS ANJOS (BA) – Direção: Daniel Leite Almeida
LAVRA (MG) – Direção: Lucas Bambozzi
ACASO (DF) – Direção: Luis Jungmann Girafa
ELA E EU (SP) – Direção: Gustavo Rosa de Moura
DE ONDE VIEMOS, PARA ONDE VAMOS (GO) – Direção: Rochane Torres
SAUDADE DO FUTURO (RJ) – Direção: Anna Azevedo
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL – CURTAS
(por ordem de exibição)
OCUPAGEM (SP) – Direção: Joel Pizzini
TERRA NOVA (AM) – Direção: Diego Bauer
Não tem trailer.
FILHOS DA PERIFERIA (DF) – Direção: Arthur Gonzaga
CHÃO DE FÁBRICA (SP) – Direção: Nina Kopko
DEUS ME LIVRE (PR) – Direção: Carlos Henrique de Oliveira e Luis Ansorena
ADÃO, EVA E O FRUTO PROIBIDO (PB) – Direção: R.B. Lima
COMO RESPIRAR FORA D’ÁGUA (SP) – Direção: Júlia Fávero e Victoria Negreiros
CANTAREIRA (SP) – Direção: Rodrigo Ribeyro
SAYONARA (SP) – Direção: Chris Tex
Não tem trailer.
N.F. TRADE (DF) – Direção: Thiago Foresti
ERA UMA VEZ… PRINCESA (RS) – Direção: Lisiane Cohen
DA BOCA DA NOITE À BARRA DO DIA (PE) – Direção: Tiago Delácio
MOSTRA BRASÍLIA
(por ordem de exibição)
FILME DE ABERTURA
CATADORES DE HISTÓRIA – Direção: Tânia Quaresma
LONGAS
MESTRE DE CENA (DF) – Direção: João Inácio
ACASO (DF) – Direção: Luis Jungmann Girafa
NOCTILUZES (DF) – Direção: Jimi Figueiredo e Sérgio Sartório
ADVENTO DE MARIA (DF) – Direção: Vinícius Machado
CURTAS
TEMPO DE DERRUBA (DF) – Direção: Gabriela Daldegan
TINHOSA (DF) – Direção: Rafael Cardim Bernardes
FILHOS DA PERIFERIA (DF) – Direção: Arthur Gonzaga
CAVALO MARINHO (DF) – Direção: Gustavo Serrate
BENEVOLENTES (DF) – Direção: Thiago Nunes
ELE TEM SAUDADE (DF) – Direção: João Campos
A CASA DO CAMINHO (DF) – Direção: Renan Montenegro
VÍRUS (DF) – Direção: Larissa Mauro e Joy Ballard
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