Meus melhores filmes estrangeiros 2022 para o blog


Vai aí a lista dos meus melhores filmes estrangeiros deste ano, um pouco ampliada em relação àquela que escrevi para o jornal e que limitava o número a dez destaques. Senti ter deixado alguns de fora e coloco-os agora. Pelas minhas anotações, vi este ano 287 longas-metragens estrangeiros, no cinema, streaming, mostras, etc. No final de cada comentário, indico onde e como os vi e se podem ser encontrados em algum dos serviços disponíveis.

  1. Noite Exterior 1 e 2 (Itália), de Marco Bellocchio. O diretor volta ao caso do assassinato de Aldo Moro, que já havia tratado em Bom Dia, Noite. Agora o faz de maneira mais completa, complexa e multifacetada, num dos filmes políticos mais impressionantes do nosso tempo. Na Mostra de Cinema de São Paulo

  2. Pacifiction (FRA), de Albert Serra. Um filme de estética paradoxal, com Benoît Magimel no papel de um dignitário do governo francês numa ilha da Polinésia, mas que mantém contato íntimo e ambíguo com a população local. Uma espécie de retrato cubista do processo de colonização. Na Mostra de Cinema de São Paulo

  3. Onoda – 10 mil Noites na Selva (FRA), de Arthur Harari. O caso verídico do soldado japonês que não acreditava na derrota do seu país na Segunda Guerra, contado sob uma ótica detalhista e febril. No cinema

  4. Licorice Pizza (EUA), de Paul Thomas Anderson. Um suposta trama romântica que se bifurca em várias outras histórias e desenha um painel de mentalidade dos anos 1970, com uma homenagem ao cinema embutida. Talvez o filme mais saboroso do ano. No cinema

  5. Ilusões Perdidas (FRA), de Xavier Giannoli. Uma adaptação muito acurada de um dos romances mais conhecidos de Honoré de Balzac. Na miríade de personagens, um desenho muito atual das mazelas da imprensa cultural e dos limites da ambição humana, a partir de uma sociedade aristocrática com a francesa do século 19, época da Restauração da monarquia. No cinema

  6. Tre Piani (ITA), de Nanni Moretti. Histórias entrelaçadas de famílias que moram num prédio de três andares em Roma. Exercício sempre inspirado desse cineasta notável, a um tempo terno e crítico em relação à sociedade e seus personagens. No Cinema

  7. Bardo – Falsa Crônica de Algumas Verdades (MEX), de Alejandro González Iñárritu. Depois de muitos anos trabalhando fora do México, Iñárritu retoma contato com seu país. E o faz através de um alterego (vivido por Daniel Gimenez Cacho),numa espécie de 81/2 asteca. Como na obra-prima de Fellini, Iñárritu mescla realidade, fantasia e alucinação. No cinema

  8. Não! Não Olhe! (EUA), de Jordan Peele. O diretor confirma seu talento ao misturar cinema de gênero com crítica social. Aqui, os donos de um rancho de criação de cavalos se veem ameaçados por uma força extraterrestre. No cinema

  9. Os Irmãos de Leila (Irã), de Saeed Roustayi. Um drama (mas também comédia) familiar, cheio de pulsão, humor e sentido de observação dos personagens. Põe o foco nos interesses contraditórios no interior de uma mesma família, sem deixar de observar o contexto social que incrementa a tensão entre eles. Na Mostra de Cinema de São Paulo

  10. Argentina 1985 (Argentina), de Santiago Mitre. Um filme político fundamental para a Argentina e para outros países da América Latina que passaram por ditaduras militares. Ricardo Darín interpreta o promotor público Julio Strassera, que levou ao banco dos réus a cúpula militar responsável por crimes contra os direitos humanos durante o governo militar, entre eles o ex-presidente Jorge Videla. Prime Video

  11. Vitalina Varela (Portugal), de Pedro Costa. A cabo-verdiana chega a Lisboa para se reencontrar com o marido e o encontra morto. Mais um opus incrível de Pedro Costa sobre o reverso do sonho europeu para imigrantes africanos. Prime Video

  12. Drive my Car (Japão), de Ryusuke Hamaguchi. A mescla entre a vida de um ator e sua representação de Tio Vania, de Chekov, num filme estupendo de Haruki Murakami. Apple TV.

  13. O Perdão (Irã), de Maryam Moqadam, Behtash Sanaeeha. Homem é executado e depois se comprova sua inocência. Sua viúva vai em busca de uma compensação. Um dos belos dramas morais que, hoje em dia, parece que apenas o cinema do Irã sabe fazer. Prime Video

  14. Marcha sobre Roma (ING), de Mark Cousins. Com material fílmico, Cousins reconstrói o avanço fascista que instaurou o regime de Mussolini na Itália, um século atrás. Por outro lado, reflete sobre as relações entre esse evento histórico e a crise da democracia no nosso tempo. Mostra de Cinema de São Paulo

  15. O Traidor (ITA), de Marco Bellocchio. A história (real) do mafioso Tommaso Buscetta e suas relações com o Brasil. A intensidade da “máfia por dentro” e o cuidado com a complexidade dos personagens. Mais um Bellocchio brilhante.

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