Close, indicado ao Oscar de melhor filme internacional (ex-estrangeiro), demora a acontecer. O longa belga, de Lukas Dhont, descreve a amizade muito próxima (close) de dois amigos de 13 anos de idade, Léo e Rémi. Para isso tem de mostrar os dois garotos nas mais diversas atividades, brincando, correndo, andando de bicicleta, brigando e até mesmo dormindo na mesma cama. São inseparáveis.
Como a amizade é muito próxima – e, talvez, próxima demais para olhares preconceituosos – começa a despertar suspeitas e comentários maliciosos na volta às aulas. Um dos garotos resolve se afastar. O outro sofre com isso. A separação termina mal.
A segunda parte melhora. É quando um dos meninos precisa elaborar a falta do outro. E também a culpa. Para tanto, aproxima-se da mãe do ex-companheiro. Mas essa aproximação também é problemática. Todos os personagens são travados e falam pouco, ou falam demais, sem ir ao ponto.
É um filme que se deseja sutil. Não mostra tudo e o diretor trabalha com certa ambiguidade para benefício do espectador não preguiçoso. Às vezes, contudo, a sutileza parece demasiada, a ambivalência e a contenção funcionam como freios para uma emoção que talvez funcionasse melhor se mais aberta. Pode ser que se articulasse melhor com o sentimento do espectador. Esta é uma suposição, uma avaliação subjetiva.
O ar é um tanto pastoril, já que a ambientação é no campo na maior parte do tempo. As cores ressaltam o clima imposto a um enredo que parece ingênuo durante muito tempo até mergulhar na tragédia sem aviso prévio.
O manejo do tempo é lento. Pode ser para habituar o público a um cotidiano jovem, a uma felicidade e despreocupações cortadas de maneira prematura. Mas fica a impressão de monotonia, embora deva-se admitir que o filme tem qualidades.
Eu adorei o filme. Achei-o extremamente delicado como o tema deveria ser entregue ao expectador. Os dois meninos são ótimos, lindos, bastante expressivos e gratas surpresas como atores mirins.
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