O mais antigo festival de cinema do Brasil começa amanhã, distante do seu belo e efervescente palco, o Cine Brasília. Devido à pandemia, esta edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a 53ª, terá seus filmes transmitidos pelo Canal Brasil e pelo streaming Canais Globo. Os concorrentes da mostra principal de longas-metragens irão ao ar todas as noites, sempre às 23h, no Canal Brasil. Será a única oportunidade de vê-los. O resto da programação ficará disponível em streaming.
Neste ano atípico, o festival celebra sua rica tradição com o filme Candango: Memórias do Festival, de Lino Meireles, presente na Mostra Brasília, reservada a produções do Distrito Federal. Faltará público para vibrar com a história de um evento que nasce em 1965, em meio ao regime militar, e se torna um dos pólos de discussão estética e política mais importantes do país.
Há outra característica diferente no Festival de Brasília 2020: exceto um longa de ficção concorrente, todos os outros são documentais. O veterano cineasta Orlando Senna (diretor, junto com Jorge Bodanzky, do clássico Iracema – Uma Transa Amazônica) responde por este único longa ficcional. Longe do Paraíso conta a história de um pistoleiro que comete um grave erro e precisa aceitar uma missão muito difícil para se redimir e salvar a pele. O filme está programado para quarta-feira.
Hoje o festival tem início com Espero que Esta Te Encontre e que Estejas Bem, de Natara Ney, que tem como material deflagrador um calhamaço de cartas de amor encontrado no Mato Grosso do Sul.
Na quinta, o personagem em destaque será um dos grandes fotógrafos do país. Em A Luz de Mário Carneiro, a diretora Betse de Paula destaca a trajetória deste que foi um sofisticado diretor de fotografia, com trabalhos como os de Porto das Caixas e O Padre e a Moça, notáveis pelo desenho visual.
Por onde anda Makunaíma (sexta-feira), de Rodrigo Séllos, tenta um resgate histórico do famoso personagem da rapsódia de Mário de Andrade, “o herói da nossa gente”.
No sábado, no que promete ser o mais político filme da competição, Entre Nós Talvez Estejam Multidões, de Bemfica e Brito, entrevista moradores de uma comunidade em Belo Horizonte nas vésperas da eleição presidencial de 2018.
Por fim, no domingo, encerra-se a mostra competitiva com Ivan, o Terrível, documentário de Mario Abbade sobre Ivan Cardoso, diretor de filmes como As Sete Vampiras e O Escorpião Escarlate, e criador de um gênero, o “terrir”, híbrido de terror e risos. Na segunda-feira, dia 21, serão conhecidos os vencedores dos Troféus Candango.